sexta-feira, 27 de julho de 2012

Meses de Baixa Umidade Relativa do Ar


Um dos elementos do tempo, de suma importância, em grande parte do território brasileiro nos períodos mais secos do ano é a umidade relativa do ar. Geralmente os baixos índices de umidade se manifestam nos meses de julho, agosto e parte de setembro.
A região mais afetada, com índices alarmantes, é a região central do Brasil e alguns setores do sudeste Brasileiro. Em muitas localidades, o índice extremo ocorre nas horas mais quentes; ficando abaixo de 20%.
É bom ressaltar que os baixos índices de umidade ocorrem neste período do ano (julho-setembro), e não está relacionado com clima árido. Aliás, no Brasil não existe clima árido, e nem tão pouco a região citada pode ser caracterizada como região que possui este clima. Sendo então erroneamente tratada pela mídia, novelas e pessoas mais desinformadas a respeito deste tema.
Outra coisa: não se analisa esse parâmetro apenas por um determinado período exposto, em condições críticas, ou seja, abaixo de 20% em seus extremos, nas horas mais quentes. Há necessidade de se acompanhar o parâmetro meteorológico durante o desenrolar do dia. Reforçando: é necessário analisar a curva gráfica da umidade relativa do ar ao longo dia e traçar um perfil climatológico do parâmetro em questão para melhor se proteger de horas mais secas.

Fonte: INMET

Nesta época do ano massas de ar secas, de característica continental, se expandem por todo interior do Brasil, sendo responsáveis por valores baixos de umidade. Existem anos onde o “inverno”, do ponto de vista da umidade, é mais severo com extremos mínimos em várias localidades do centro do país. Esses valores mínimos podem chegar a índices inferiores a 12%;  quiçá abaixo de 10% entre as 14 e 16 horas.
Capitais como Brasília, Goiânia e Campo Grande já registraram umidade do ar inferior a 10% entre agosto e setembro. Há registros de ocorrência de baixos índices inferiores a 7% em algumas localidades do Brasil Central nas horas de maior calor. Mesmo tendo registros críticos à saúde humana, não se pode dizer que estas regiões são áridas, pois existem outros elementos que mostram ao contrário, a exemplo do próprio comportamento da mesma umidade ao longo do ano, aonde os valores chegam acima de 90% em plena época chuvosa e uma precipitação abundante na estação das chuvas (acima de 1500 mm anuais).
As massas polares, de natureza fria e muitas vezes de característica seca, invadem o continente sul americano nos meses de inverno. À medida que elas vão se misturando com o ar mais quente estabelecido mais ao norte, elas perdem sua natureza original e se amoldam as novas características de acordo com a latitude, com o terreno que estão se estabelecendo e as condições climáticas residentes à nova região. Devido à influência da continentalidade, estas massas que se originaram em regiões meridionais, perdem umidade e ganham em secura, dando condições a uma situação climática mais desfavorável ao cotidiano do homem..



Fonte: INMET
Nas regiões tropicais, quanto ao quesito temperatura, o inverno é curto, devido ao deslocamento e a não penetração frequente de massas frias pelo interior da região, acabando por não influenciar na queda das temperaturas. A resultante disto tudo, seria o fortalecimento do ar tropical continental, que irá refletir em padrões baixos de umidade, ao não desenvolvimento de nuvens de chuva, aos dias com alta amplitude térmica e períodos elevados de insolação.

Onde é mais seco? Goiânia ou Brasília? Se for analisar por picos de extremos, Brasília é mais seca, pois pode ocorrer nos meses de agosto e setembro, valores mínimos de umidade inferiores a 15% por vários dias seguidos. Enquanto que Goiânia e Campo Grande esses extremos são de menor frequência, mas deixando as marcas de um tempo bem seco, se comparado a padrões normais. Mas não se mede a umidade relativa do ar apenas por picos extremos. É preciso ver o comportamento da mesma ao longo do dia.
Olhando no geral, Goiânia vai apresentar uma curva menor que a de Brasília ao longo do ano. Nesta comparação, teremos na capital goiana e regiões a oeste de Goiás umidade relativa do ar menor do que ocorre em Brasília. Estas localidades citadas só perdem para o nordeste do Distrito Federal, sendo mais seco que a Capital Federal. Tudo isto pode ser ilustrado pelo comportamento das normais climatológicas (30 anos) através da tabela abaixo, como também pelo mapa de umidade relativa do ar.


Média Mensal da Umidade Relativa do AR - %


 
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
ANO
Brasília
76
77
76
75
68
61
56
49
53
66
75
79
67
Goiânia
75
76
74
71
65
60
53
47
53
65
73
76
66

Normais Climatológicas – 1961 -1990 – Fonte: Inmet

Média Mensal da Umidade Relativa do AR - %
18 GMT

JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
ANO
Brasília
57
56
55
54
47
40
35
27
30
47
56
60
49
Goiânia
58
55
54
52
47
41
36
27
33
46
55
59
47
Normais Climatológicas – 1961 -1990 – Fonte: Inmet



 Fonte: INMET
Do ponto de vista climatológico e de localização regional, Brasília está mais a leste que Goiânia, portanto recebe mais influencia do mar, apesar de serem separadas apenas por 200 km, mas isto reflete no comportamento anual. Outro elemento: a capital federal está a barlavento no planalto central e com uma altitude mais privilegiada, ao passo que a capital goiana está a sotavento, do planalto central, com altitude mais baixa, portanto mais seca e mais quente.
O que fica para todos em torno do mito chamado de Capital da Secura (Brasília), sem ser, pois Brasília tem índices pluviométricos elevados e umidade relativa também elevada ao longo do ano se comparada a regiões mais secas do mundo, onde outras localidades se enquadram numa tipologia de climas áridos ou semiáridos, o que não ocorre de forma categórica com Brasília e Goiânia. Podemos concluir que o Brasil Central, com a suas capitais, possuem períodos secos (entre julho-setembro), mas não são cidades secas, e passando longe do conceito verdadeiro de aridez.


Elder

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